Descobrir uma traição nunca será vista com bons olhos
para ninguém, se existe está tipo de pessoa, ela realmente não sabe o que é
amar alguém. Deva ser a pessoa mais frívola da face da terra. Frívola não
entrava em nenhuma das minhas qualidades, eu sempre fui o tipo de pessoa que
não fazia com os outros o que não queria que fizessem comigo. Tola eu fui
durante anos ao pensar dessa maneira, infelizmente nem todos pensavam da mesma
forma que eu. O lance de “amar o próximo como a ti mesmo” era puro mito. Essa merda
não existia e lá no fundo do meu ser eu sabia disso, apenas persisti em um erro.
Dar e receber, deveria ser assim que
as coisas deveriam funcionar. Eu dei e não recebi, eu amei e não fui amada, eu
praticamente me doei. Saber que você fez de tudo para o outro e em troca ele
devolve com migalhas e traições foi simplesmente o fim da picada, a gota para
transbordar o copo, pior decepção que tive em minha vida. Percebi
que enquanto eu vivesse, eu teria que mudar o meu jeito de ser com as pessoas,
largar de ser a meiguinha, a boazinha, a lindinha. O “inha” era diminutinho de
tudo o que não prestava. Mundo era dos espertos e eu a burra do “inha”.
Eu fiquei tão cega de ódio que eu
realmente pensei em ter matado o Lucas quando arranquei com o carro, em nenhum
momento eu pensei em frear ou desviar, se ele estivesse na minha frente e não
tivesse saído eu teria passado por cima dele sem nenhuma pena. O meu lado
maligno tinha sido despertado e ele gritava em minha mente a mesma coisa a todo
momento “destruir” destruir todos os que me humilharam, que riram, que tiraram
proveito da minha bondade, da minha inocência. Do meu “inha”
Me rendi, ele estava certo, não
tinha mas porque não me vingar de todos os que somente tiraram proveito.
Dirigindo igual uma loca e fui para
a casa de Mell, não fui para conversar, eu fui para agir, para fazer acontecer.
Quando ela abriu a porta com seu sorriso sínico vontade não faltou de partir
para cima, mas tinha a tal criança, a maldita criança. O lado bom dizia que
não, mas o mau dizia que sim. Eu tinha o deixado aflorar dentro de mim, estava
cega de ódio, rancor e magoa. Dissemos meia dúzias de palavras, eu não queria
mais ouvir pedidos de desculpas. Meu sangue fervia dentro do meu corpo e como
se algo me possuísse eu parti para cima dela sem pensar mais em nada.
Ela era mais forte do que eu, mas
como eu disse, uma força sobre-humana tinha se apossado do meu corpo. Eu era
tudo, menos a Lívia.
Agarrei em seu pescoço e a sensação
de vê-la se debatendo em busca de oxigênio era ótima, saber que eu
proporcionava isso, era melhor ainda. Eu sentia a satisfação com o ato.
Eu não sei como, mas ela conseguiu se soltar,
se desequilibrando e caindo em seguida no
chão. Que tola, hoje não era o seu dia. Eu já me preparava para terminar
o que tinha ido fazer quando vi o sangue que escorria pelas suas pernas. Sorri
maravilhada. A voz dentro de mim me dizia para que eu a fizesse passar por esse
sofrimento. A perda! A perda da maldita criança que crescia dentro de si.
― Lívia, por
favor, me ajuda. ― implorou, seus olhos já lacrimejavam. Infelizmente hoje não
era um bom dia para imploro para mim.
Recuei, eu não a ajudaria.
― Por que eu
faria isso? ― ri dando de ombros. ― Talvez esteja na hora de você perder algo
também. ― as palavras soaram tão naturalmente da minha boca, que foi como se eu
fizesse isso todos os dias.
“Nada mau Lívia!” Me parabenizei
mentalmente.
― O meu filho
não tem nada haver com isso Lívia, quem te fez mal foi eu, não ele. ― Seus
olhos eram de imploro e assombro. Não me importei.
“Deixe-a passar por isso” “Ela
merece” “você sabe que ela merece”. A eu má gritava dentro de mim e eu fiz. A
sensação era tamanha que eu não sabia o que estava sentindo realmente. Um feto
não era realmente uma vida de verdade, a criança só era criança após o
nascimento. Mas se tinha uma real importância para ela, eu queria que ela
sentisse e sofresse com isso.
Eu realmente cogitei em assistir
toda a cena comendo pipoca, mas se eu continuasse ali eu seria presa. O babaca
do Daniel, ou quem quer que fosse que ela estava esperando, deveria chegar a
qualquer momento. Fui embora, arquitetava uma vingança esplêndida em minha
cabeça. Eu não tinha me dado por vencida, não ainda. Uma nova Lívia eu havia me
transformado e eu estava adorando.